Os pensamentos voam em nossas cabeças, ficamos noites e noites acordados pensando no que podemos fazer para ajudar as pessoas que sofrem no dia-a-dia, queremos desenvolver um projeto mirabolante, queremos organizar as nossas vidas, queremos colocar os nossos gastos na ponta do lápis, queremos assistir um filme para nos sentirmos mais fortes e mais motivados, queremos passar horas e horas lembrando as coisas boas do passado e também as coisas gratificantes que acabamos de fazer, pensamos nos problemas em nosso relacionamento a dois, pensamos nos problemas que temos com nosso irmão, sofremos quando somos tratados mal, pensamos em alguém que tratamos com desdém e isso nos mantém acordados, ridicularizamos coisas simples e o arrependimento não pára de transformar as nossas cabeças em um poço profundo, e envolto a tudo isso, o amanhecer chega, o sono chega, os compromissos chegam, os pássaros cantam, o livro acaba, o filme também, o desejo de fazer acontecer fortalece-se, o jornal chega, os desenhos começam na TV, a fome bate, a realidade chega, alguém reclama, os olhos fecham, a responsabilidade também, o dia passa, a fome chega, a fome acaba, o sono volta, o cochilo acontece, a tarde chega, o pôr-do-sol é lindo, a noite cai, os pensamentos voltam e voltam noite à dentro, os pensamentos voam em nossas cabeças... e lá se foi mais um dia e junto com ele a oportunidade de ser feliz, a oportunidade de fazer alguma coisa, a oportunidade de colocar em prática todos os meus pensamentos, minhas idéias.
A crise econômica mundial mudou o cotidiano das pessoas acostumadas com uma vida agitada, acostumadas com o corre-corre do dia-a-dia, acostumadas com a pressa em pegar a rota para ir para o emprego, acostumadas a não ter tempo para pensar sobre os problemas do cotidiano, acostumadas a não planejar nada por pura falta de tempo. A crise financeira internacional mudou a rotina daqueles que sempre contribuíram com o crescimento econômico de nosso País, de nossa Zona Franca Pujante, de nossa vida Amazônica, o tempo passou a ser de sobra, mas viver não é fácil, passar uma noite em claro é doloroso, o desemprego é doloroso. No entanto, sei que dias melhores virão, pois quando passamos uma noite em claro, vamos dormir depois que vemos a beleza do nascer do sol e vamos acordar, de verdade, com tempo de sobra para apreciar a beleza do pôr-do-sol. Ver o dia passar é a verdadeira certeza de que estamos vivos. O trabalho dignifica o homem, mas o homem desempregado não vai poder ler este artigo, pois o desemprego o impossibilitou de comprar este jornal, mas se algum desempregado lê este artigo, uma boa noite em claro para você!
ELIANDRO BRUNO OLIVEIRA